sexta-feira, 3 de junho de 2011

Resumo comentado do texto – “Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro”.

Resumo comentado do texto – “Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro”.
Gina Morais Silva[1]
LEITE, Maria Isabel. Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro. In: CRUZ, Silvia H. Vieira (Org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008, p.118-140.
            A autora inicia seu texto falando sobre como a pesquisa com crianças vem se desenvolvendo no decorrer dos anos, porém salienta que esse assunto ainda precisa de muita reflexão e discussão.
            O objetivo do texto é contribuir para uma nova forma de pensar a pesquisa com a criança e buscar novas maneiras de se recolher e ressignificar o conceito de narrativa dentro do âmbito da pesquisa.
            Há no texto uma busca em diferentes autores para tratar de um aspecto fundamental nas pesquisas com crianças que é o diálogo com elas. Não basta observar a criança é preciso direcionar o olhar aos seus gestos, sentimentos e principalmente a sua fala como ser social e cidadã de direitos.
            A visão que o pesquisador tem da criança é permeada pela idéia e/ou concepção de infância centrada em um modo adultocêntrico, ou seja, ela é vista como um ser em formação, como sujeito passivo, um ser em falta.
            O Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética, na qual a autora faz parte, realizou uma análise em diversas pesquisas e resolveram abordar a criança como sujeito co-participante em diversos estudos onde se construiu estratégias teórico-metodológicas de investigação e de participação das crianças.
            O primeiro aspecto abordado é a necessidade de se criar espaços de narrativa com crianças querendo saber se elas desejam participar da pesquisa. Esse querer implica sua autorização para o uso de suas falas, desenhos, imagens, enfim, toda produção realizada pela criança no momento da execução da pesquisa.
            Outro fato que se torna interessante são os encontros em grupo, o que facilita a linguagem e proporciona a interação das crianças com diferentes papéis sociais e aprimora a sua relação com o outro.
            Nestes momentos se faz necessário uma atenção do pesquisador com a sua própria linguagem corporal, seus gestos e olhares para que não iniba ou force a criança a fazer o que ele deseja.
            A linguagem seja ela verbal, corporal, gráfica, teatral ou em qualquer outra manifestação é central nos espaços de narrativas em pesquisas com criança, pois é por meio delas que a criança irá externar suas experiências e desenvolver sua imaginação, tendo esta um espaço privilegiado na pesquisa.
            Dentro dos espaços de narrativas encontra-se também às brincadeiras, às histórias e outras propostas artísticas, facilitando a confiança das crianças no pesquisador permitindo a integração entre eles por meio do prazer, da expressão e da ludicidade.
            O registro dessas impressões e falas da criança merece destaque. É nesse ponto que entra a dimensão ética da pesquisa, pois além da parte burocrática onde deve ser solicitada a autorização familiar para a realização da pesquisa é importante que também se converse com a criança para que ela autorize a gravação de sua fala e de sua imagem.
             A autora ressalta a importância de deixar os equipamentos de filmagem e gravação serem explorados pelas crianças, para que possam ficar a vontade no momento da coleta de dados.
            E por fim, o texto ainda esclarece sobre o anonimato do nome verdadeiro das crianças, deixando claro que, inventar outro nome ou apenas colocar as iniciais do nome da criança faz com que sua identidade como sujeito co-participante fique comprometida. Assim, para que a criança se reconheça na pesquisa há uma sugestão na qual ela mesma escolhe um apelido para representá-la.





[1] Aluna do Curso de Especialização em Educação Infantil - UNB e Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Um comentário:

  1. Ótima resenha por que permite uma compreensão global do assunto abordado por Maria Isabel Leite: o lugar dos sujeitos na narrativa.

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