quarta-feira, 22 de junho de 2011

Resenha do Estudo 1: Infância, Pesquisa e Relatos Orais


DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. Infância, Pesquisa e Relatos Orais In: FARIA, Ana Lúcia G. de; DEMARTINI, Zeila de Brito F.; PRADO, Patrícia Dias (Orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. Campinas, SP: Autores Associados, 2009, p.1-17.

            O texto aborda a respeito dos desafios quando se lida com crianças, as relações entre pesquisa e infância e também sobre a importância de aprender a ouvir crianças e jovens.
            A primeira preocupação da autora foi levar ao leitor a reflexão sobre os conceitos de criança e infância, salientando que há diferentes tipos de criança e de infância, como também em relatos sobre crianças, sobre infância e relatos da própria criança.
            Dentre estes conceitos o que vem sendo menos discutido é o relato pelas próprias crianças, sendo este de grande potencial para as pesquisas, pois elas possuem uma capacidade de memória e de linguagem extraordinárias, e essa atividade de escuta reforçaria a sua identidade em relatar suas próprias vivências e experiências.
            Outra questão enfatizada no texto é a falta de interesse da Sociologia em se estudar o universo infantil, partindo do pressuposto de que toda criança é igual abordando-a de forma genérica e esquecendo-se que cada criança tem sua especificidade.
            A autora diz que há uma nova possibilidade em pesquisa com crianças e ainda pouco explorada, partindo da análise da representação artística das mesmas, seja no campo da observação dos relatos ou em suas atuações nas várias manifestações artísticas como teatro, cinema e televisão.
            Com relação à coleta dos relatos ela faz alusão da entrevista com crianças, em que se faz necessário dar importância as conversas preliminares ao invés de seguir o roteiro de entrevista propriamente dito, como também manter uma relação de confiança deixando-as livres para escolherem se desejam ou não participar da entrevista.
            A autora finaliza seu texto afirmando que a análise desses relatos pelas crianças é o maior desafio do pesquisador.
            O texto reforça uma questão essencial na área da pesquisa em educação que é a escuta sensível do pesquisador sobre a opinião e o relato das crianças. Em suma, costuma-se olhar a criança apenas como um “objeto” da pesquisa e as análises são feitas dentro da visão do adulto esquecendo que a criança pode participar como sujeito demonstrando seus sentimentos, desejos e opiniões acerca de suas experiências no mundo em que vive, seja ele a escola ou a própria sociedade.
            Esse texto é interessante para pesquisadores nas áreas de Sociologia, Educação e Psicologia, também para estudantes das áreas das Ciências Humanas e demais interessados na área da infância.
            A autora do texto, Zeila de Brito Fabri Demartini, é professora colaboradora da pós-graduação em educação da UNICAMP (GEPEDISC), pesquisadora do Centro de Estudos Rurais e Urbanos da Universidade de São Paulo (USP), pesquisadora do CNPq e professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade Metodista de São Paulo. Defendeu em 1979 sua tese de Doutorado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na Universidade de São Paulo cujo tema é Observações sociológicas sobre um tema controverso: população rural e educação em São Paulo e, em 1984 escreveu o artigo “Velhos mestres das novas escolas: um estudo das memórias de professores da Primeira República em São Paulo” publicado em Cadernos CERU, n. 19, pp. 197-205.
            Gina Morais Silva, pós-graduanda do Curso de Especialização em Educação Infantil pela Universidade de Brasília e professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
           
           

           

domingo, 5 de junho de 2011

Resumo comentado do texto – “Crianças e infâncias, sujeitos de investigação: bases teórico-metodológicas”

Resumo comentado do texto – “Crianças e infâncias, sujeitos de investigação: bases teórico-metodológicas”
Gina Morais Silva[1]
FRANCISCHINI, Rosângela & CAMPOS, Herculano Ricardo. Crianças e infâncias, sujeitos de investigação: bases teórico-metodológicas. In: CRUZ, Silvia H. Vieira (Org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008, p.102-117.
                   O texto é sobre um trabalho publicado nos Anais do IV Fórum de Investigação Qualitativa/III Painel Brasileiro/Alemão de Pesquisa realizado no ano de 2005 e tem como objetivo discutir as especificidades teórico-metodológicas da investigação com crianças.
                   A discussão emergida no texto é baseada em dois enfoques: sociocultural e discursivo.
                   Os autores iniciam o texto falando que a concepção de infância que hoje entendemos é uma construção traçada pela modernidade, pois Ariès (1981,apud FRANCISCHINI & CAMPOS, 2008, p. 103) em seus estudos afirma que “as formas pelas quais os adultos concebem a criança vêm sofrendo alterações desde o final da Idade Média (século XVI)”.
                   As concepções de infância influenciaram tanto a pedagogia tradicional, quanto a pedagogia nova e nortearam também as pesquisas com criança, pois se em uma a criança era vista como objeto da pesquisa na outra passou a ser considerada sujeito dela.
                   A partir da década de 80 com os estudos de Vigotsky, as interações sociais e culturais foram tomando frente nas pesquisas nas áreas da Psicologia, Linguística e Educação. Mais tarde, o pensamento de Bakhtin a respeito da linguagem verbal toma forma incorporando uma nova maneira de se entender às funções psicológicas superiores e como essas interações influenciam nas crenças, valores e concepções na vida dos sujeitos, ressignificando sua cultura e sua prática social.
                   É ressaltada no texto a interação entre o sujeito-pesquisador e o sujeito-criança que para os autores é uma relação assimétrica, pois há uma diferença entre idade e competência e querendo ou não há uma relação de poder exercido pelo adulto sobre a criança.
                   No que concerne à investigação, muito ainda há de ser pesquisado no campo dos aspectos da vida da criança, podendo aí ser realizado um trabalho investigativo analisando aspectos afetivos, cognitivos e sociais das crianças, deixando que sua história seja contada por elas mesmas sem a interferência do adulto.
                   Para que a criança se sinta à vontade é necessário que o pesquisador busque procedimentos de sua própria vivência. Tais procedimentos poderiam ser: histórias narradas por elas mesmas, brincadeiras, principalmente aquelas voltadas para situações de faz-de-conta, produções de desenhos e pinturas livres ou com objetivos definidos pelo pesquisador, como também a bricolage, que é uma técnica na qual se utiliza materiais de sucata onde as crianças podem construir objetos diversos criando e recriando seu cotidiano.
                   Portanto, estas foram algumas propostas deixadas pelos autores para o trabalho de pesquisa com crianças, mas há ainda outras possibilidades sendo necessário aperfeiçoar o olhar para o universo infantil, enxergando na infância uma vasta e rica produção cultural a ser explorada e pesquisada.
                       




[1] Aluna do Curso de Especialização em Educação Infantil - UNB e Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Frio na barriga...

Monografia chegando e o frio na barriga também.
Contagem regressiva, tenho certeza que esses seis meses vão voar...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Resumo comentado do texto – “Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro”.

Resumo comentado do texto – “Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro”.
Gina Morais Silva[1]
LEITE, Maria Isabel. Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro. In: CRUZ, Silvia H. Vieira (Org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008, p.118-140.
            A autora inicia seu texto falando sobre como a pesquisa com crianças vem se desenvolvendo no decorrer dos anos, porém salienta que esse assunto ainda precisa de muita reflexão e discussão.
            O objetivo do texto é contribuir para uma nova forma de pensar a pesquisa com a criança e buscar novas maneiras de se recolher e ressignificar o conceito de narrativa dentro do âmbito da pesquisa.
            Há no texto uma busca em diferentes autores para tratar de um aspecto fundamental nas pesquisas com crianças que é o diálogo com elas. Não basta observar a criança é preciso direcionar o olhar aos seus gestos, sentimentos e principalmente a sua fala como ser social e cidadã de direitos.
            A visão que o pesquisador tem da criança é permeada pela idéia e/ou concepção de infância centrada em um modo adultocêntrico, ou seja, ela é vista como um ser em formação, como sujeito passivo, um ser em falta.
            O Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética, na qual a autora faz parte, realizou uma análise em diversas pesquisas e resolveram abordar a criança como sujeito co-participante em diversos estudos onde se construiu estratégias teórico-metodológicas de investigação e de participação das crianças.
            O primeiro aspecto abordado é a necessidade de se criar espaços de narrativa com crianças querendo saber se elas desejam participar da pesquisa. Esse querer implica sua autorização para o uso de suas falas, desenhos, imagens, enfim, toda produção realizada pela criança no momento da execução da pesquisa.
            Outro fato que se torna interessante são os encontros em grupo, o que facilita a linguagem e proporciona a interação das crianças com diferentes papéis sociais e aprimora a sua relação com o outro.
            Nestes momentos se faz necessário uma atenção do pesquisador com a sua própria linguagem corporal, seus gestos e olhares para que não iniba ou force a criança a fazer o que ele deseja.
            A linguagem seja ela verbal, corporal, gráfica, teatral ou em qualquer outra manifestação é central nos espaços de narrativas em pesquisas com criança, pois é por meio delas que a criança irá externar suas experiências e desenvolver sua imaginação, tendo esta um espaço privilegiado na pesquisa.
            Dentro dos espaços de narrativas encontra-se também às brincadeiras, às histórias e outras propostas artísticas, facilitando a confiança das crianças no pesquisador permitindo a integração entre eles por meio do prazer, da expressão e da ludicidade.
            O registro dessas impressões e falas da criança merece destaque. É nesse ponto que entra a dimensão ética da pesquisa, pois além da parte burocrática onde deve ser solicitada a autorização familiar para a realização da pesquisa é importante que também se converse com a criança para que ela autorize a gravação de sua fala e de sua imagem.
             A autora ressalta a importância de deixar os equipamentos de filmagem e gravação serem explorados pelas crianças, para que possam ficar a vontade no momento da coleta de dados.
            E por fim, o texto ainda esclarece sobre o anonimato do nome verdadeiro das crianças, deixando claro que, inventar outro nome ou apenas colocar as iniciais do nome da criança faz com que sua identidade como sujeito co-participante fique comprometida. Assim, para que a criança se reconheça na pesquisa há uma sugestão na qual ela mesma escolhe um apelido para representá-la.





[1] Aluna do Curso de Especialização em Educação Infantil - UNB e Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal.