sábado, 26 de março de 2011

Aula 6: As principais ideias do texto “Concepções: Ponto de Partida”

BASSO, Claudia de Fátima R., CHAVES, Laura Cristina P. Concepções: Ponto de Partida. In: Educação Infantil de Qualidade: direito das crianças e das famílias. Blumenau: Nova Letra, 2007.

1.    Ainda temos uma visão romântica do que é ser criança e do que é infância.

2.    Não existe um conceito universal de criança e infância. Há sim, em diferentes contextos, frutos de cada cultura, determinadas concepções de criança e de infância. Há crianças e crianças, infâncias e infâncias.

3.    A infância, construída e transformada historicamente, se alterou entre sentimentos dicotômicos, tais como: paparicação e moralização; autonomia e controle; liberdade e subordinação; ternura e severidade.

4.    Vivemos hoje o “desaparecimento da infância”. Segundo Corazza (2002), no período chamado Modernidade surgiu o “Indivíduo”, um sujeito grande que passou a atentar para as “gentes pequenas”, mas apesar disso a “infância nunca foi verdadeiramente assumida, efetivada, praticada, como idade, etapa ou identidade específicas” (2002, p. 196).

5.    Os maiores impulsos da Educação Infantil se deram a partir de 1970, quando ocorreu um amplo processo de expansão quantitativa que, além de produzir diversas propostas de atendimento à criança pequena, provocou debates acerca da qualidade desse atendimento.

6.    Nas duas últimas décadas, a Educação Infantil foi a etapa da Educação Básica mais contemplada com os avanços na legislação. No entanto, isto ainda não se refletiu, significativamente, no avanço da quantidade e qualidade da oferta.

7.    Educação Infantil: dicotomia cuidar X educar – Kulmann Jr. insiste que as instituições de educação infantil, nos diferentes momentos históricos sempre teve presente o aspecto educacional não significando a ausência da assistência, ou ainda, a  não predominância de um sobre o outro.

8.    Dicotomia entre creche e pré-escola: Qual seria o melhor termo? Demo (1995) nos diz que essa nomenclatura bipartida deveria expressar apenas divisão etária, e não tipo de propostas. Essa diferença precisa ser contemplada no nível da prática e da organização do trabalho pedagógico, entre outros aspectos.

9.    A articulação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental é necessária, mas não pode ser confundida com “subordinação”. Assim, com relação a essa articulação podemos concluir que a Educação Infantil é parte formativa do desenvolvimento da criança que é imprescindível para uma educação básica de qualidade.

10. Educação Infantil: é direito da criança; é responsabilidade social (poder público, sociedade e família); é a primeira etapa da Educação Básica; tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social; tem ação complementar a ação da família e da comunidade; é oferecida em creches até os três anos de idade e em pré-escola para crianças de 4 e 5 anos; tem caráter social e educativa, tem identidade, autonomia e espaço próprio dentro da Educação Básica e reconhece a criança como sujeito social e histórico que pensa, interage, modifica e é modificado pelo contexto.

sábado, 19 de março de 2011

Aula 5: Infância como construção social

“A construção social da criança: o que isso significa?”

[1]Gina Morais Silva

            Podemos dizer que o conceito de infância e de criança foram construídos socialmente e dependem intimamente da cultura em que estão inseridos. Há comunidades onde as crianças são consideradas frágeis e outras onde as crianças trabalham e convivem no mundo dos adultos como, por exemplo, as crianças indígenas.
Já na Idade Média as crianças viviam no mundo dos adultos, fazendo tudo o que eles faziam. Isso significa que nessa época a criança não passava de um adulto em miniatura.
            Com o passar dos anos já no final século do XVII, a criança deixa de ser vista como mera “distração” e começa a então a preocupação em preservá-la e discipliná-la.
A partir dessa mudança de pensamento, a educação das crianças começa a ocupar papel de destaque na sociedade e é então que na modernidade projeta-se uma visão de preparação da criança para o futuro; visão que até hoje é preconizada em muitas instituições escolares.
O que não podemos negar é que essas concepções foram construídas a partir da visão social e cultural de determinada época e que até hoje trazemos arraigadas em nossa sociedade.
Portanto, podemos afirmar que, tanto o conceito de infância quanto o conceito de criança foram construídos socialmente e determinam a nossa prática pedagógica em sala de aula.


[1]  Aluna do Curso de Especialização em Educação Infantil - UNB e Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

sábado, 12 de março de 2011

Aula 4 - Resenha Crítica: Crianças, Infâncias e Educação

GALVÃO, Andréa Studart Corrêa. Crianças, Infâncias e Educação. In: Educação Moral e Qualidade na Educação Infantil: desafios ao professor. Dissertação de Mestrado. Adapt. Brasília, UNB: 2005. p. 37-51.

            Andréa Studart Corrêa Galvão é coordenadora e professora do curso de Pedagogia da Faculdade Paulista – UNIP de Brasília; coordenadora do curso de Especialização em Educação Infantil da Faculdade Gama Filho em Brasília.
O texto é constituído de três partes onde vários autores abordam os conceitos construídos acerca da infância e da criança e como o foco adotado por essas concepções determinam o tipo de visão que as instituições voltadas para a educação infantil têm sobre a criança e a infância determinando sua organização como também suas práticas educativas.
            Na primeira parte a autora inicia seu texto falando que o conceito de infância e criança foram construídos e incorporados cultural e socialmente a partir do pensamento do adulto e que ao longo da história esses sofreram transformação.
            Segundo Freitas e Kuhlmann Jr. (2002) temos dois caminhos a seguir para conseguirmos compreender a criança e a infância: o primeiro seria estudá-las através do conhecimento que o adulto tem construído do que seja a criança e o segundo seria compreendê-la através da sua própria história, ou seja, deixá-la falar sobre si mesma.
            Ariès (1981) nos fala sobre o sentimento de infância e ao tratamento que era dado as crianças desde a Idade Média até o início dos tempos modernos. Esse autor ressalta que este sentimento de infância corresponde à consciência das necessidades e particularidades que faz a distinção da criança com o adulto. O primeiro sentimento de infância dado a criança na Idade Média era o de “mimos e paparicações”, depois veio o sentimento de que a criança deveria ser educada e moralizada.
 No início dos tempos modernos a escola veio assumir um papel fundamental, que era de oferecer educação moral e intelectual às crianças preocupando-se em dar a elas uma formação para que no futuro pudessem ser homens dignos. Assim, a escola acreditava na visão da criança como um ser em formação, ou seja, alguém incompleto.
A criança na modernidade ainda é vista como um ser em formação e a educação que é dada a ela, ainda é pautada pelo ponto de vista do adulto. Onde a preocupação da escola é prepará-la para a vida adulta e inseri-la futuramente, no mercado de trabalho.
Na segunda parte a autora vem fazendo uma crítica da educação das crianças pautadas na previsibilidade e padronização de resultados desejáveis.
Dahlberg, Moss e Pence (2003) e Botto (2002) faz uma crítica contundente a concepção naturalista de criança como também a abordagem do tema, sob o ponto de vista do adulto. Assim como, Imbert (2001) critica a perspectiva desenvolvimentista, onde ambas as concepções não levam em consideração a diversidade do ser criança, sua história e da imagem que ela tem de si mesma, desconsiderando a dimensão ética do ser – criança.
Na terceira parte a autora nos faz refletir sobre o encontro com a infância na alteridade nos trazendo o posicionamento de Larrosa (1998) quando nos diz que devemos conceber a criança como um ser inteiro em si mesmo, multifacetado, capaz de expressar-se, pertencente a um tempo e espaço geográfico, histórico, social e cultural.
            Oliveira (2001) reforça o sentido de alteridade quando propõe uma “Pedagogia da Infância”, onde se deve olhar o outro lado da infância evidenciando a necessidade das instituições dedicadas à primeira infância superarem as abordagens tradicionais e passarem a enxergar a criança em suas necessidades reais dando espaço para que elas possam mostrar seu mundo.
            O texto é claro e conciso em suas abordagens e provoca no leitor uma mudança na sua maneira de pensar e agir sobre a criança.
            O texto nos faz pensar em como estamos desenvolvendo nossa prática na escola, qual a concepção de infância e criança está sendo vinculada ao nosso trabalho pedagógico. Será que estamos olhando para nossas crianças como deveríamos? Ou apenas reproduzindo a concepção capitalista de sociedade em achando que estamos preparando nossas crianças para o futuro. Afinal que futuro é esse? Será que haverá um futuro?
            Devemos pensar no agora, no presente, tratando a criança do mesmo modo que tratamos o ser amado. Dando atenção a ela, deixando-a falar, expor suas emoções, opiniões, demonstrando carinho, respeito e confiança. Ensinando mas também aprendendo com ela.
            Finalmente, com o estudo desse texto, podemos amadurecer mais nossas concepções sobre a infância e melhorar nossa prática em sala de aula.