sábado, 12 de março de 2011

Aula 4 - Resenha Crítica: Crianças, Infâncias e Educação

GALVÃO, Andréa Studart Corrêa. Crianças, Infâncias e Educação. In: Educação Moral e Qualidade na Educação Infantil: desafios ao professor. Dissertação de Mestrado. Adapt. Brasília, UNB: 2005. p. 37-51.

            Andréa Studart Corrêa Galvão é coordenadora e professora do curso de Pedagogia da Faculdade Paulista – UNIP de Brasília; coordenadora do curso de Especialização em Educação Infantil da Faculdade Gama Filho em Brasília.
O texto é constituído de três partes onde vários autores abordam os conceitos construídos acerca da infância e da criança e como o foco adotado por essas concepções determinam o tipo de visão que as instituições voltadas para a educação infantil têm sobre a criança e a infância determinando sua organização como também suas práticas educativas.
            Na primeira parte a autora inicia seu texto falando que o conceito de infância e criança foram construídos e incorporados cultural e socialmente a partir do pensamento do adulto e que ao longo da história esses sofreram transformação.
            Segundo Freitas e Kuhlmann Jr. (2002) temos dois caminhos a seguir para conseguirmos compreender a criança e a infância: o primeiro seria estudá-las através do conhecimento que o adulto tem construído do que seja a criança e o segundo seria compreendê-la através da sua própria história, ou seja, deixá-la falar sobre si mesma.
            Ariès (1981) nos fala sobre o sentimento de infância e ao tratamento que era dado as crianças desde a Idade Média até o início dos tempos modernos. Esse autor ressalta que este sentimento de infância corresponde à consciência das necessidades e particularidades que faz a distinção da criança com o adulto. O primeiro sentimento de infância dado a criança na Idade Média era o de “mimos e paparicações”, depois veio o sentimento de que a criança deveria ser educada e moralizada.
 No início dos tempos modernos a escola veio assumir um papel fundamental, que era de oferecer educação moral e intelectual às crianças preocupando-se em dar a elas uma formação para que no futuro pudessem ser homens dignos. Assim, a escola acreditava na visão da criança como um ser em formação, ou seja, alguém incompleto.
A criança na modernidade ainda é vista como um ser em formação e a educação que é dada a ela, ainda é pautada pelo ponto de vista do adulto. Onde a preocupação da escola é prepará-la para a vida adulta e inseri-la futuramente, no mercado de trabalho.
Na segunda parte a autora vem fazendo uma crítica da educação das crianças pautadas na previsibilidade e padronização de resultados desejáveis.
Dahlberg, Moss e Pence (2003) e Botto (2002) faz uma crítica contundente a concepção naturalista de criança como também a abordagem do tema, sob o ponto de vista do adulto. Assim como, Imbert (2001) critica a perspectiva desenvolvimentista, onde ambas as concepções não levam em consideração a diversidade do ser criança, sua história e da imagem que ela tem de si mesma, desconsiderando a dimensão ética do ser – criança.
Na terceira parte a autora nos faz refletir sobre o encontro com a infância na alteridade nos trazendo o posicionamento de Larrosa (1998) quando nos diz que devemos conceber a criança como um ser inteiro em si mesmo, multifacetado, capaz de expressar-se, pertencente a um tempo e espaço geográfico, histórico, social e cultural.
            Oliveira (2001) reforça o sentido de alteridade quando propõe uma “Pedagogia da Infância”, onde se deve olhar o outro lado da infância evidenciando a necessidade das instituições dedicadas à primeira infância superarem as abordagens tradicionais e passarem a enxergar a criança em suas necessidades reais dando espaço para que elas possam mostrar seu mundo.
            O texto é claro e conciso em suas abordagens e provoca no leitor uma mudança na sua maneira de pensar e agir sobre a criança.
            O texto nos faz pensar em como estamos desenvolvendo nossa prática na escola, qual a concepção de infância e criança está sendo vinculada ao nosso trabalho pedagógico. Será que estamos olhando para nossas crianças como deveríamos? Ou apenas reproduzindo a concepção capitalista de sociedade em achando que estamos preparando nossas crianças para o futuro. Afinal que futuro é esse? Será que haverá um futuro?
            Devemos pensar no agora, no presente, tratando a criança do mesmo modo que tratamos o ser amado. Dando atenção a ela, deixando-a falar, expor suas emoções, opiniões, demonstrando carinho, respeito e confiança. Ensinando mas também aprendendo com ela.
            Finalmente, com o estudo desse texto, podemos amadurecer mais nossas concepções sobre a infância e melhorar nossa prática em sala de aula.


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